sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O filme Гамлет (Hamlet), de Grigori Kozintsev (pequena apreciação)

Adaptação fílmica do diretor Grigori Kozintsev, tendo no papel protagonista Innokenti Smoktunovski, Гамлет (pronuncia-se 'Gámliet') se não alcançou a excelente recepção crítica do filme de Sir Laurence Olivier, lançado 16 anos antes, em 1948, ao menos teve seus méritos reconhecidos, no Ocidente capitalista. De fato, quanto ao quesito atuação, de modo geral, a produção soviética deixa muito a desejar, e o Príncipe dinamarquês interpretado por Smoktunovski não entusiasma, nem convence muito. O roteiro, como acontece no filme de Olivier e no de Zeffirelli, modifica profundamente a peça, só que sem levar a uma urdidura dramática verdadeiramente comparável à do texto original. Frustra, por exemplo, a despedida de Hamlet deste mundo, bem resumida a poucas palavras, insuficientes para conferir à cena a magnitude psicológica hamletiana. Dois elementos, entretanto, fazem Гамлет valer a pena ser visto ainda hoje, quando temos - em nosso juízo - a insuperável adaptação de Kenneth Branagh: a trilha sonora, composta por ninguém menos que Dmitri Shostakovich, e a belíssima fotografia; o consórcio entre a genialidade musical e a grandiloquência imagética produziram a antológica cena do protagonista seguindo o fantasma de seu pai. Pessoalmente, também acho que o encontro de Hamlet com os atores conta entre os melhores trechos de adaptação shakespeariana da história do cinema mundial.

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